A população em geral não está satisfeita com a atuação da polícia. Essa
é a principal conclusão do relatório do ICJBrasil (Índice de Confiança na
Justiça), produzido pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio
Vargas: 63% da população que respondeu à pesquisa afirmou estar um pouco
insatisfeita ou muito insatisfeita com a atuação da polícia. Este percentual
cresce para 65% entre os mais pobres e, entre os mais ricos, chega a 62%.
“É um dado alarmante, principalmente se considerarmos os últimos acontecimentos
envolvendo o assassinato de policiais e diversas pessoas na periferia”,
analisa Luciana Gross Cunha, professora da Faculdade de Direito da FGV e
coordenadora do ICJBrasil.
Grau de satisfação com a atuação da polícia
Perfil dos entrevistados que responderam que confiam na Polícia
O ICJBrasil mensura a confiança da população no Judiciário Brasileiro desde
2009. Entre abril e setembro de 2012, o indicador ficou em 5,5 pontos, numa
escala de 0 a 10. Essa pontuação é calculada com base em dois subíndices.
O subíndice de comportamento, que afere se, em determinados casos concretos, o
cidadão recorre ao Judiciário para resolver seus conflitos; e o subíndice de
percepção, que verifica o sentimento da população em relação ao Judiciário no
que se refere à celeridade, honestidade, neutralidade e custos de acesso.
No mesmo período, esses subíndices foram, respectivamente, de8,7 pontos e 4,1
pontos (sempre em uma escala de 0 a 10).
“Os dados do segundo e terceiro trimestre de 2012 seguem a tendência, já
identificada nos períodos anteriores, de má avaliação do Judiciário como
prestador de serviços públicos”, afirma Luciana.
Para 90% dos entrevistados o Judiciário é moroso, resolvendo os conflitos de
forma lenta ou muito lentamente. Além disso, 82% disseram que os custos para
acessar o Judiciário são altos ou muito altos e 68% dos entrevistados acreditam
que o Judiciário é difícil ou muito difícil para utilizar.
Outros dois aspectos apontados pelos entrevistados são a falta de honestidade
(64% dos entrevistados consideram o Judiciário nada ou pouco honesto) e a
parcialidade (61% dos entrevistados acreditam que o Judiciário é nada ou pouco
independente).
O ICJBrasil também procurou saber qual o grau de confiança do brasileiro nas
instituições e o resultado é que as Forças Armadas lideram o ranking das
instituições que o brasileiro mais confia, com 75% das respostas, seguida pela
Igreja Católica (56%), Ministério Público (53%), grandes empresas e imprensa
escrita, empatadas com 46% e Governo Federal com 41%.
Com apenas 39% de respostas positivas, seguem a polícia e o Poder Judiciário,
ganhando apenas das emissoras de tevê (35%), vizinhos (30%), Congresso Nacional
(19%) e partidos políticos (7%).
Confiança nas Instituições
Os entrevistados também foram questionados sobre a confiança que depositam em determinados grupos de pessoas, como amigos, vizinhos, familiares e colegas de trabalho e pessoas em geral. A família vem em primeiro lugar, com 89% das respostas, seguido por colegas de trabalho, pelos vizinhos e, em último lugar, em pessoas em geral (21%).
Confiança interpessoal
O ICJBrasil ouviu 3.300 pessoas em oito estados brasileiros, que respondem por
55% da população: Amazonas (pela primeira vez na amostra), Pernambuco, Bahia,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
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